Dificuldades em direcionar e manter a atenção são os problemas centrais para pessoas com o transtorno de déficit de atenção (com ou sem hiperatividade). Esse transtorno inicia-se na infância e, quando não tratado, acompanha o indivíduo por sua vida adulta, tendo impactos significativos em diferentes esferas da vida, desde processos básicos de aprendizagem até a vida pessoal e profissional.
Sua base biológica é aceita e reconhecida pela comunidade científica e inúmeros autores têm demonstrado características nos padrões de ondas cerebrais (EEG ou eletroencefalografia) de pessoas com os transtornos que se correlacionam com as queixas apresentadas. O achado que tem sido mais replicado é o excesso de ondas lentas ou Teta, principalmente na região frontal do cérebro e em torno a fissura central, na área de integração sensório-motora. A partir de diversos estudos, estabeleceu-se que um valor elevado da relação entre o padrão de ondas Teta e ondas Beta (onda rápidas) é considerado um indicador de lentificação cerebral, presente em pessoas com o transtorno de déficit de atenção.
Em outras palavras, o nosso cérebro tem áreas especializadas que se ativam quando estamos realizando uma tarefa cognitiva. De modo geral, quando uma pessoa presta atenção em uma atividade, certas áreas se ativam e o cérebro “ se acelera”. Para pessoas com déficit de atenção, esse processo natural de “acelerar” não ocorre e algumas vezes, durante as tarefas cognitivas, há um aumento das ondas mais lentas, dificultando ainda mais os processos cognitivos.
Cabe acrescentar que o excesso de ondas lentas, e as dificuldades decorrentes, não se limitam a pessoas com o transtorno. O uso excessivo de medicamentos importantes no tratamento de diversos transtornos psiquiátricos, também tende a aumentar a quantidade de ondas lentas no cérebro.
Como o neurofeedback pode me ajudar?
O neurofeedback é um treinamento cerebral que visa levar a pessoa que está treinando a modificar as suas ondas, com foco em padrões de ativação que tragam o equilíbrio neurofisiológico. Através de um sensor, as ondas do cérebro são captadas e separadas em faixas de ondas. Após a avaliação e definição de quais padrões serão treinados, estímulos auditivos e visuais servem como elementos reforçadores para que o padrão de onda, já filtrado, seja modificado.
Em 2012 a Academia Americana de Pediatria reconheceu o neurofeedback como uma técnica com eficácia número 1, similar à medicação, para o tratamento do transtorno de déficit de atenção. Veja mais informações: http://sharpbrains.com/blog/2012/10/05/biofeedback-now-a-level-1-best-support-intervention-for-attention-hyperactivity-behaviors/
A Sociedade Internacional para Neurofeedback e Pesquisa produziu um excelente trabalho de revisão de literatura baseado em evidências sobre a eficácia do neurofeedback para o tratamento do transtorno de déficit de atenção. Veja na íntegra em: http://www.isnr.org/uploads/nfb-adhd.pdf